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Palavras soltas, pensamentos em sintonia

Palavras soltas, pensamentos em sintonia

Uma tarde de domingo

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Domingo à tarde. O sol brilha, brilha com aquela intensidade que nos faz querer ir espairecer, apreciar cada paisagem que se desenrola à nossa volta.

Num passeio pela baixa lisboeta parei. Parei a olhar para quem se estava a preparar para o seu trabalho, começando a montar as coisas de forma a fazer o que de melhor sabe: homem estátua.

Desenrolou-se a conversa. Faz aquilo todos os dias, paga uma licença à câmara para poder estar ali, naquele espaço, naquela calçada da Rua Augusta, mostrando a sua arte...a arte que é o seu trabalho, o trabalho que o preenche e o faz feliz.

A conversa ia decorrendo até que me disse "o que mais me entristece é que os portugueses não valorizam o que fazemos, passam por nós, gozam, e até já tentaram roubar as moedas". Fiquei preplexa. Nós, que deveríamos orgulharmo-nos daqueles que arte fazem, seja ela qual e onde for, ainda troçamos e tentamos derrubar a mesma.

"Quem é diferente como eu, como tu, somos vistos de lado. Até por apenas teres um piercing no nariz".

Suspirei.

Sim, tenho um piercing, sim tu fazes arte, arte com o teu próprio corpo, com essas pinturas que fazes, com essas horas a fio que passam e que ficas na mesma posição, quer o sol te queime o rosto, quer a chuva te molhe os pés. Essa arte que arranca sorrisos do rosto de quem passa e aprecia, e olhares de perplexidade nas crianças que te observam.

Continuei o meu caminho pela calçada, aquelas palavras ecoavam na minha mente.

Quando olhei para trás, estava um grupo de uns 5 jovens, pouco passavam dos 20 anos, a agarrar as moedas encenando que o estavam a roubar, a chamarem-lhe palhaço e mentiroso.

Voltei a suspirar. 

Remar contra a maré, contra o que a sociedade não considera a normalidade, nem sempre é fácil..mas no fim, vale sempre a pena.

E ele sorriu.

 

 

Não é ser diferente, é ser feliz!

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Maioritariamente, se não diariamente, a cada dia que nasce e a cada sol que se põe, oiço bastantes vozes que me ecoam que sou diferente. 

Só porque não valorizo saídas à noite, só porque não como o mesmo que eles, só porque rapidamente me coloco no meu Mundo, só porque sorrio sem razão nem porquês.

O que eles não entendem é que valorizo um passeio pela natureza, pela praia, admirando cada aragem que agita os meus caracóis e me acaricia o rosto.

Não entendem que não como carne nem peixe, nem leite ou derivados, que tenho cuidado com o que como, porque grande parte do nosso corpo reflete-se pelo que comemos, pelo que ingerimos, e por me sentir bem desta forma.

Não entendem que quando estou no meu Mundo consigo perfeitamente estar no aqui e no agora, optar pelo que quero ouvir e absorver, meditar no meio da multidão.

Não entendem que sorrio sem razão aparente, quando a razão está tão visível a olho nu: estou viva.

Se cada ser humano tem a sua individualidade, a sua identidade própria, porque há-de o conceito de felicidade ter um único significado?

Se cada um tem os seus sonhos, ambições, opiniões e valores, porque haveremos de nos comportarmos da mesma forma, da mesma maneira?

Se cada um tem uma vida, tem metas, tem objetivos diferentes porque é que existe tanto interesse em seguir os outros, em fazer o que acham socialmente aceite, em ir em modas e manias?

Alguém, tantos "alguéns", uma vez, tantas vezes, me disse, me disseram: "tu és diferente". Apeteceu-me responder: não sou diferente, sou eu mesma, sou feliz. Mas que importa? Não iriam entender.

Se soubesses e tentasses, terias ido a tempo

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Tu nunca irias perceber.

Tu nunca irias compreender que aquilo que nos afastava era mais forte que aquilo que nos unia.

Que aquilo que me magoava era mais audaz que aquilo que eu amava.

Que aquilo que tu demonstravas era mais irreal que aquilo que tu retratavas.

Não irias entender. E também já não interessa.

Chama-me egoísta, egocêntrica, desinteressada. A verdade é que me amo mais a mim. 

Amo mais aquilo que sou, que ambiciono, aquilo em que me tornei. 

Amo tudo aquilo que faço, que escolho, que luto.

Se soubesses como tantas foram as palavras que me atingiram como flechas quando para ti eram coisas completamente, inevitavelmente normais.

Se soubesses a dor que sentia, as vezes que engolia em seco por visualizar, imaginar, retratar (-te) a ti e a quem nunca te vais desprender em cada minuto e segundo da minha vida. 

Se soubesses como me custava tentar decifrar, compreender, ler e reler cada mentira que soltavas que, nessa tua forma de viver é nada mais que a verdade. Mas apenas a tua verdade.

Mas nesse teu Mundo tudo faz sentido, tudo é normal, tudo é um "tá-se bem".

Nesse teu Mundo existes tu e apenas tu, sendo os outros fantoches carbonizados sem maldade ou rancor.

Mas no meu não. Eu amo-me demasiadamente o suficientemente para ser atingida, para sentir dor, para engolir em seco. Amo-me mais do que te amava e te amo a ti.

Quem te conhecia, te conhecera, te conhece, não imaginaria o que se esconde por detrás desse teu vulto engrenado numa imagem que não corresponde à realidade. Mas ninguém vive apenas de aparências. Essa aparência que sempre quiseste e fizeste por manter, custe o que custasse.

Essa aparência que ditava a tua forma de viver, de pensar, de agir.

Essa aparência que sempre te interessaste mais em cuidar ao invés de retocares o que estava por detrás, no teu interior e na tua forma de estar e sentir.

Na verdade, o tempo não pára, e eu também não. 

Mas tu, provavelmente, um dia pararás no tempo. Nesse tempo que só existe nesse teu Mundo. E, nesse dia, talvez entenderás, perceberás e compreenderás.

Mas não interessa. Será tarde demais.

 

 

 

Reflexão

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"Imagina uma sala cheia de pessoas em pé. 
A sala está lotada, e após alguns minutos aquelas pessoas vão sair por uma única porta. Sairão em fila, caminhando. Em poucos minutos a sala estará vazia, em completo silêncio.
Assim é a nossa mente.
Uma sala vazia. Puro espaço.
Os pensamentos são como as pessoas, enchem a mente, enchem aquele espaço que já existia. Mas apesar das pessoas, a sala permanece do mesmo tamanho, o espaço permanece ali, intocável. Ele acolhe as pessoas, que entram e saem, e o espaço permanece o mesmo. As pessoas são pensamentos, emoções, eventos, objetos, sensações; o espaço onde tudo acontece é a Consciência pura que acolhe e observa"

Eckhart Tolle

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