Vivemos o destino ou o destino vive-nos?
É muito fácil acreditarmos no destino, que tudo é destino, que foi assim porque é o destino. É muito fácil não encararmos a realidade, não chorarmos, não observarmos só porque é o nosso destino.
É muito mais fácil, mais reconfortante, mais suave pensarmos no "E se não", no "E se...", caindo e recaindo nessa ideia protagonizada pela sociedade comum que todos nós nascemos com um destino traçado, com um caminho desenhado.
Vivemos tão intensamente essa ideia de que todos temos o destino traçado, caindo nesse moralismo comum, que nada fazemos por pensar que o destino somos nós, aquilo que fazemos, aquilo que criamos, aquilo em que acreditamos.
Realidade é que uma das leis da espiritualidade na Índia refere que nada, absolutamente nada do que acontece nas nossas vidas poderia ter sido de outra forma, mas isso não protagoniza o destino. Dá-nos sim ferramentas para ir à procura das respostas, para abrir a mente a uma outra dimensão, para entender que somos aquilo em que acreditamos, em que cremos, aquilo que, e para o qual, vivemos.
É, deveras fácil, acreditar nessa utopia de que esse amor acabou porque tinha de ser, de que perdemos esse trabalho porque foi o destino que ditou, que estamos doentes porque estava traçado.
Díficil é pensar no que correu mal nesse amor terminado para mudar, para crescer, para aprender no futuro.
Díficil é entender que poderemos ter perdido esse trabalho porque, provavelmente, estará prestes a abrir-se uma nova porta, ou estará, pura e simplesmente, na altura de seguirmos esse sonho que à tanto escondemos e perdemos no nosso travesseiro.
Díficil é dar-nos conta da imensidão de coisas que a alimentação errada, que o stress diário nos origina, levando a uma debilidade física e mental, embrulhada naquilo a que todo o ser denomina de doença.
Nascemos numa sociedade fotocopiada de ideias comuns onde a crença de que o destino está traçado se enraiza desde o minuto em que vemos o Mundo pela primeira vez, e crescemos a acreditar nessa ideia só porque é mais fácil utilizá-la como justificação ao invés de fazermos introspecções.
E, um dia, se assim formos capazes, chegamos à conclusão que o destino está nas nossas mãos, que o Universo nos dá e proporciona as ferramentas, mas que somos nós as máquinas que decidimos o que fazer, porque fazer e como fazer com elas.
E, um dia, chegamos à conclusão que a isso que sempre chamaram de destino, não é nada mais nada menos que nós próprios.